Saiba mais sobre a diabetes mellitus
O homem pode ser o comandante do seu destino, mas também é a vítima do açúcar que tem no sangue. Wilfrid G. Oakley
Os níveis de glicemia em indivíduos não diabéticos rondam os 60 a 99 mg/dl. O açúcar no sangue de uma pessoa não diabética nunca desce abaixo dos 55-60 mg/dl. Após as refeições, este intervalo pode ir dos 130-150 mg/dl, dependendo da quantidade de hidratos de carbono (açúcares) ingeridos.


Durante a gravidez, o tratamento da diabetes faz-se principalmente através de um regime alimentar pensado para assegurar a ingestão das calorias necessárias ao crescimento do feto, à preparação do corpo da mãe para o parto e para a amamentação, e ainda para evitar episódios de hipoglicemia ou hiperglicemia para a mãe. Não se pode, no entanto, ignorar a necessidade da prática de atividade física. Os sintomas a controlar são: aumento injustificado da sede, necessidade de urinar frequentemente, perda de peso, problemas de visão e ocorrência frequente de infeções como a cistite e a candidíase. Além disso, existem fatores de risco, como a obesidade e a existência de diabetes na família, que podem aumentar substancialmente as probabilidades de vir a sofrer deste tipo de diabetes.

Além do caráter hereditário, existem aspetos pessoais que também têm de ser considerados, tais como a obesidade: as células necessitam de açúcar para sobreviver, quanto mais células tiverem de alimentar, mais necessidade terão de insulina. Nas pessoas obesas, a insulina é, portanto, produzida em quantidades insuficientes. A lista de gatilhos ambientais inclui o sedentarismo, o stress e algumas doenças. O pâncreas é obrigado a um esforço maior pois aumenta a necessidade de glicose e, consequentemente, de insulina. Se o pâncreas estiver fragilizado por uma predisposição hereditária para o desenvolvimento da diabetes, estas causas resultarão na aceleração do aparecimento da doença. A idade também influencia: o envelhecimento do organismo reflete-se no funcionamento de todos os órgãos, especialmente do pâncreas que, com o tempo, deixa de conseguir responder prontamente às necessidades de produção de insulina.
É importante não subestimar alguns fatores de risco que tornam certas pessoas mais propensas do que outras a desenvolver diabetes de tipo 2.
Os principais fatores de risco são:
- Obesidade (IMC igual ou superior a 30 kg/m2 no caso da DM2)
- Inatividade física
- Hipertensão (PAS igual ou superior a 140 mmHg e\ou PAD igual ou superior a 90 mmHg)
- Colesterol HDL não superior a 35 mg/dl
- Nível de triglicéridos igual ou superior a 250 mg/dl)
- Regra geral, os sintomas não são tão evidentes como os da diabetes de tipo 1 e são facilmente ignorados, o que agrava o risco de um diagnóstico tardio.
Alguns dos sintomas típicos da diabetes de tipo 2 são: fadiga, necessidade frequente de urinar (mesmo à noite), sede inusitada, perda de peso repentina e inexplicável e visão turva.
Prevenção da diabetes com a prática de cycling: missão possível
Uma atividade física regular (confirmam agora muitos investigadores) melhora claramente a capacidade das células de absorverem glicose, aumentando o número de recetores de insulina. Em especial, um dos desportos mais adequados para quem sofre de diabetes é o cycling, uma vez que se trata de uma atividade aeróbica, repetitiva e constante. A bicicleta trabalha contra esta doença ao ativar 70% da nossa massa muscular, localizada nos membros inferiores. E não é só isso. O cycling também tem a vantagem de ser um desporto não traumático, com tempos de recuperação muscular mais rápidos, e oferece a oportunidade de percorrer distâncias muito superiores às de outras disciplinas desportivas.
Um extenso estudo dinamarquês, publicado no jornal PLOS Medicine, envolveu quase 25 000 homens e 28 000 mulheres com idades compreendidas entre os 50 e os 65 anos: investigadores da University of Southern Denmark (Syddansk Universitet) examinaram o estado de saúde dos participantes de vários países e recolheram informações sobre os seus estilos de vida, sobretudo sobre os seus níveis de atividade e sobre os seus hábitos alimentares. O projeto teve como objetivo demonstrar que mesmo um compromisso diário simples como o cycling pode ajudar a prevenir a diabetes. Os resultados foram claros: o cycling reduz o risco de vir a sofrer de diabetes e, quanto mais pedalar, mais hipóteses tem de afastar a doença, com efeitos positivos mesmo em pessoas que iniciam a atividade em idades mais avançadas, após os 50 anos. O estudo revela que aqueles que começam a pedalar numa fase tardia da sua vida (em média) reduzem em 20% as hipóteses de virem a sofrer de diabetes. Os efeitos benéficos para estes ciclistas surgem independentemente de outros fatores que possam afetar o risco de doença, tais como a alimentação e os problemas de peso.

Em resumo, se um diabético medir os seus níveis de açúcar no sangue antes e depois do exercício, verá a diferença: o valor reduzir-se-á. Mas que nível de atividade física, ainda que pouco intensa, precisará de praticar para ver os benefícios? Digamos que não será preciso exagerar. Para reduzir os níveis de açúcar no sangue, a prática moderada de exercício é também mais eficaz do que uma atividade física intensa: 30 a 60 minutos de cycling por dia são suficientes para tirar proveito das vantagens desta atividade na prevenção da diabetes. Um estudo publicado na Medicine and Science in Sports and Exercise revelou que o cycling praticado a um ritmo moderado durante uma hora permite que pessoas com excesso de peso e diabetes reduzam para metade os seus níveis de açúcar no sangue nas 24 horas seguintes. Mesmo a prática de cycling a um ritmo mais intenso durante meia hora pode reduzir os níveis de açúcar no sangue durante um dia inteiro, mas apenas 19%. E se não encontrarmos itinerários adequados e seguros no exterior? O cycling também se pratica indoor: uma bicicleta de exercício indoor proporciona exatamente os mesmos benefícios, ou seja, uma perda de massa gorda de 1,2 kg por mês, desde que associada a uma alimentação adequada.